quinta-feira 07/10/2010

Angustia

Acho que todos nós já nos sentimos inuteis alguma vez, seja por não conseguir fazer nada para ajudar em algum trabalho, ou quando achamos que ninguém estará do nosso lado, ou quando fazemos algo errado e somos criticados, ou pior, quando alguém ou algo que amamos sofre, e não conseguimos fazer absolutamente nada para ajudar, seja apoiar, cuidar, ou até mesmo simplesmente estar lá para a pessoa. E quando isso acontece, e nos sentimos inuteis e incapazes de fazer qualquer coisa além de chorar, vêm junto uma angustia inexplicavel, não só pelo fato de alguém que amamos sofrer, mas também, por não conseguirmos ajudá-la, e talvez isso acabe sendo mais devasador do que a dor da pessoa em si.

Algumas vezes passei por situações em que não fui capaz de fazer nada para aliviar a dor de amigos que perderam parentes próximos, porque de fato, apesar de perder meus dois avôs, nunca fui muito próximas a eles, por isso, não fui capaz de entender a tristeza de meus pais, e muito menos, o que meus amigos sentiram, e ainda assim, tentei ao máximo dizer que tudo ia ficar bem, o que de fato iria, pois é assim que a vida é, mas nunca pensei que chegaria a entender o que realmente eles sentiram, e por sorte talvez, ainda demore para ter que viver algo desse tipo.

Essa semana, confesso que passei maus bocados com a minha pequena, mas velha, Holly, estava mal desde quinta a noite, tomou soro na sexta e no sabado, e na segunda, acabou indo para a UTI canina, e ficou por lá até hoje de tarde, por varios motivos que não vale a pena comentar, mas em resumo, é tudo culpa da idade! maldito tempo que judia dos animaizinhos inoscentes! Mas em fim, além de todos os problemas que ela já tinha, as coisas ainda se complicaram, e apesar de saber que ela não corria perigo de vida, passei a semana toda, tentando esconder as lágrimas e esboçar sorriso, para dar força para aqueles que também se preocupavam com ela.

Ela é uma princesa aqui em casa, tem água e comida, além de cama quentinha para dormir e muito amor, suas únicas preocupações começam quando colocamos uma mala no chão e vamos viajar, mas nem por isso, posso dizer que ela é infeliz ou que isso é uma tortura para ela, porque, de fato não é. Ela fica com minha avó, que ela ama de paixão e que a mima mais que aos netos. Então, posso dizer realmente que ela tem vida de princesa, porque rainha ainda tem que se preocupar, mas a Holly, bem, não tem absolutamente que se preocupar com nada. Dorme comigo ou com meu irmão, na cama mesmo, se quiser, até no travesseiro. Acorda de manhãzinha, bebe água, faz xixi e corre para a mesa de café da manhã, onde todos que por ali passam forram seu estomago com um pedaçinho de pão. Depois da agitada rotina do café da manhã e de nossa saída para a faculdade, ela volta para o quarto e dorme, acorda, dorme, acorda, come, e depois passa o dia morgando, entre suas almofadas preferidas. Passeios diarios e idas semanais ao cabelereiro fazem parte de sua agitada rotina. E apesar de não passar 24 hrs do dia comigo ou com o Rick, ela nos recebe com rabinho abanando e saltinhos engraçadinhos. É pidona, e nem comento o quanto chora para conseguir as coisas, e sempre acaba tendo o que quer.
Sua saúde, sempre foi boa, apesar de um ou outro probleminhas, e toda as vezes que se sentiu mal, ou ficou amoada na casinha, foi levada correndo ao médico, digo, veterinario, que cuida dela com carinho apesar de ela tentar mordê-lo as vezes.

Imagina, então, um dia, derrepente, do nada, ela parece completamente esgotada, e fomos levá-la para tomar soro e voltar para casa, mas chegando ao lugar, temos que deixá-la em observação, e voltamos para casa sozinhos. No dia seguinte, vamos visitá-la. Chegamos, e ela mal olha para nós, fica dormindo quietinha, até que percebe que estamos lá. Fica feliz, e faz aquela festinha a qual estamos acostumados, e passado o pouco tempo que era permitido vê-la, temos que colocá-la na casinha novamente, e ir embora aos sons do choro e pedidos de “me levem com vocês, não me deixem aqui, por favor, não me abandonem”. E no dia seguinte, a mesma coisa. Felizmente, hoje, pudemos trazê-la para casa, e apesar de ela estar meio tristonha, talvez por efeito dos milhões de remédios que ela tenha que tomar, posso dizer, que ela está bem, e que não está sentindo dor, pelo menos, é só isso que eu espero.

Ela não é novinha, na verdade, é bem velha, 15 anos, é bastante, se multiplicado por 7. E imaginar, que talvez ela não sobrevivesse aquilo, simplesmente era inaceitável para mim, mas não sei se era pior, saber que ela sentia dor, e que eu não poderia fazer nada para ajudá-la. Nenhuma das duas opções é agradavel, e o único que eu posso fazer por ela, é desejar que eu sinta as dores em seu lugar, mas na verdade, não posso fazer absolutamente nada, só vê-la sofrer. Ninguém merece sofrer, muito menos, uma cachorrinha que nunca fez mal a ninguém, pelo contrário, sempre foi amorosa, meiga, chatinha e pentelha as vezes, mas quem não é?! Não é justo que ela sofra dessa forma, sem nem ao menos poder reclamar de dor, sem dizer que se sente mal na hora em que se sente mal, e vê-la assim parte meu coração, e me deixa completamente desprotegida, angustiada e me sentindo uma inutil. Pensando que talvez se eu tivesse percebido antes, ela não teria tantas dores, talvez se eu tivesse prestado mais atenção, quem sabe?! E mesmo sabendo que não posso fazer nada, só consigo pensar em coisas ruins, como ela não conseguir ficar boa, em imaginar, que pode ser que um dia, ao chegar em casa, ela tenha ido para outro mundo, a sensação é de que meu mundo iria com ela.

Escrevi esse post mais para desabafar, até porque, ainda não consegui colocar minha cabeça em ordem, tanto que o texto ficou um tanto quanto desconexo e sem conclusão, mas em fim, queria que houvesse um jeito de salvar os bichinhos de impedir que eles sentissem dor, e de que se um dia sua hora chegasse, ela viesse sem sofrimento, pois a verdade é uma só, os animais, assim como as crianças, são inoscentes e puros, até que o homem os estrague, sendo assim, justo seria punir os homens, e não os pequenos que só despertam o lado bom que temos. Sinceramente, eu ficaria muito feliz, se ao invés de vê-la sofrendo, toda sua dor viesse para mim, isso seria muito mais justo e muito menos doloroso de ver. Porque se ela estiver bem e agindo como sempre, eu sei que terei forças para ficar boa, para poder cuidar dela e vê-la sempre assim, feliz.

2 respostas a “Angustia”

  1. Lembro-me das vezes que ia na casa de vocês e encontrava a Holly toda estabanada balançando o rabo pra lá e pra cá, ligada no 220 e pulando pra cima e pra baixo da cama. É triste mesmo quando a gente vê que tanto tempo se passou e parece que foi tão rápido. Eu mesmo tive e tenho muitos bichos aqui em casa (como 4 cachorros e 8 gatos) e é realmente muito doloroso pra a gente que é “dono” deles (porque eles que mandam na gente) ver que a idade chega e que já estão bem velhos. O melhor que podemos fazer nessas horas é retribuir toda a felicidade que esses queridos nos deram a cada um dos dias com o cuidado e carinho que eles precisam na hora certa para que assim possam ter a viagem tranquila e pacífica. =) Eu espero que a Holly ainda viva muito tempo, para que possa roubar ainda bastante pãozinho da mesa de vocês, hauhauah!
    Abraços e um afago pra Holly! ^^
    Guto~

  2. Não há sentimento pior (pelo menos pra mim) do que me sentir impotente diante alguma situação. Já passei por uma situação dessas com meu poodle, o Filé, e ele ainda era novinho, estava com 3 anos. Teve que ficar internado quase uma semana por causa de uma infecção intestinal causada pelo corante da ração. Foi de partir o coração ver o pobrezinho na casinha, com soro saindo de uma das patinhas. ;_; Mas ele saiu dessa e está aqui com a gente, hoje com seis anos. Claro que chega a hora de todos descansarmos da vida, mas quando isso tiver que acontecer, desejo apenas que seja sem sofrimento para os bichinhos. É uma das coisas que mais partem meu coração, bichinhos sofrendo e eu não poder fazer nada.

    Força Mari, a Holly é uma queridinha e precisa do seu cafuné, haha. Precisando, é só chamar! =**

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