Ela deu muito trabalho. Desde que chegou me conquistou, apesar das artes, roubou meu coração. Apesar da raiva quando roeu o fio do meu SuperNintendo, ou quando fez xixi e vomitou no meu quarto, quando comeu metade do bolo que eu fiz, ou quando simplesmente chorou porque queria atenção. Demandou muito tempo e sem dúvida deu muito trabalho, precisava de atenção e carinho 24hrs por dia, mas, essa raiva passava quando depois de um dia horrível no colégio, eu chegava em casa e ela vinha abanando o rabo e fazendo festinha sem parar, só para dizer: bem vinda! Senti saudades, ou quando nos preparávamos para uma viagem, e ela pulava dentro da mala para dizer: não me deixem aqui! E mesmo ficando brava quando não ia, ao voltarmos nos recebia alegre e saltitante. Terça feira, dia de banho, esperava ansiosa para que o japonês do pet-shop viesse buscá-la e lá ia feliz da vida, para voltar limpa e cheirosa depois do almoço. Minha companheira de sono, seja antes ou depois do almoço, nunca recusou a “siesta” e ainda reclamava quando passava do horário de dormir. Me ensinou que nada pode atrapalhar seu sono, nem mesmo um chato te cutucando, só vale a pena acordar, se a comida estiver na mesa, caso contrário, não precisa de muito esforço para dormir. Amava o café da manhã e não deixava a refeição passar em branco nunca, e mesmo em dias de aula em que poucos tomavam café da manhã, ela sempre conseguia algum pãozinho.
Quando descíamos para passear, ela saia correndo, e ao perceber que a porta estava fechada, tentava frear e muitas vezes acabava batendo contra a porta! Era sem dúvida peculiar, apesar de menininha, insistia que devia fazer xixi levantando as patas, isso quando não plantava bananeira. Tinha ataques de coelho e ninguém conseguia segurá-la, as vezes eu achava que ela era gato, principalmente quando achava que podia caçar um passarinho. Fingia que era corajosa, latindo para os cachorrões do outro lado da rua, mas tremia ao passar por um cachorrinho menor. Tinha até medo da tartaruga, latindo sempre que esta chegava para comer sua comida.
Lembro do dia em que fomos comprá-la. Na caravan Vermelha, eu, uma amiga, meu irmão e meus pais. No apartamento da criadora, dois filhotes, um macho e uma fêmea. O macho deitadinho, implorando por sossego, a fêmea, pulando e perturbando o macho. Não tivemos dúvida, queremos a fêmea. Era pequena, cabia na palma da mão. A briga pelo nome foi grande, e no final, venci, apesar de até hoje o Rick dizer que foi a idéia dele, mas isso não importa. O nome estava dado, era Holly, alias, ela era muito chique, pais campeões, tinha direito a nome e sobrenome, vamos dizer que de chique, ela só tinha isso e a vida de princesa. Levamos nossa Miss Holly Cotonflake para casa, e desde ai, ela mudou minha vida, tornando-a mais alegre apesar de alguns gritos de fúria quando ela aprontava.
Muitos diziam que lembrava a dona, descabelada e estabanada, e as vezes se confundia com um bichinho de pelúcia, tanto que já foi até esquecida na prateleira por algumas horas. Adorava lugares escuros, tanto que já ficou presa no armário mais de uma vez, e quando a encontrávamos, ela estava dormindo, como se nada tivesse acontecido. Era querida por todos, tão querida, que mesmo quando fugia pelas escadas do prédio, acabava passando o dia em algum outro andar, até que alguém interfonava, dizendo que ela estava por ali. Todas as crianças do prédio a amavam, tanto, que várias compraram seus cãezinhos depois de passar brincar com ela. Até aqueles que tinham medo, se apaixonavam por ela, e mesmo aqueles que não gostavam de cachorros gostavam dela. Era incrível o poder de agradar que ela tinha, sempre com seu jeitinho meigo e estabanado, conquistava todo mundo que colocasse os pés em casa, e surpreendia a todos que perguntavam quantos anos tinha, pois parecia sempre jovem e radiante, apesar de velinha.
Tinha suas manias, principalmente depois de velha e eu que reclamava quando ela me acordava as 6:00 da manhã em um domingo, agora sinto que vou morrer de saudades dela chorando querendo atenção em horários inapropriados.
Hoje, ela se foi. Sem dor e sem sofrimento, pelo menos foi o que me prometeram. E apesar de eu não querer chorar mas sim, sorrir, por ela não sofrer mais e por saber que ela ficará em um lugar muito melhor. No sitio, ao lado do Natal, em um campo verde rodeado por natureza. As lágrimas insistem em cair e mesmo sabendo que era o melhor para ela, me sinto triste por não tê-la mais ao meu lado. Mas pelo menos, posso sorrir, sabendo que a deixei partir por ser o melhor para ela. E posso dizer, que apesar de me sentir triste enquanto escrevo esse post, sei que ela me amava tanto quanto eu a ela, e mesmo que apenas em minha memória, ela ficará comigo para sempre e vou sempre me lembrar dela com um sorriso no rosto, porque ela era a minha pequena, meu amorzinho e sem dúvida, mudou minha vida para sempre. Eu devo muito a ela, e espero que o lugar para onde ela foi, tenha tudo o que ela sempre sonhou.
PS: obrigada Guto e Thay pela força no outro post!! agradeço muito e a Holly tbm! hehe
Chorei no meu notebook. =/
Awwn, eu já estava prevendo que esse post com verbos no passado não seria bom. Sinto muito Mari, awn, nem imagino como seja perder um companheiro de tanto tempo, de tantos momentos! Ai, ai, ai, nem sei o que dizer. Na verdade, até sei: sinta isso mesmo, tenta sorrir por ela ter ido sem sofrimento. Acho que prolongar a dor dela não seria bom pra ninguém. Que a Miss Holly Cotonflake esteja saltitante no céu dos cachorros! o/ Siim, eu acho que exista um céu pra cachorros. E pra gatos. E pra peixinhos. 8D Ok, você entendeu. Se precisar de alguma coisa, é só me dizer. E não precisa agradecer, estou aqui pra te apoiar. ;**
O importante é lembrar o grande bem que a Holly fez e lembrar desse no futuro… Chorar não é errado, é demonstrar que realmente vai fazer falta! Mas é manter a alegria dela na cabeça e agradecer por ela ter ido sem dor, né? Não vou deixar de sentir saudades dela também! Se cuida, Mari! =*