Até onde vamos chegar?
Não sou ninguém para falar de política, entendo o mínimo e atualmente estou tão cansada que nem dou a mínima. Minha intenção aqui não é debater o que é melhor para o país, longe de mim. Meus devaneios aqui são simplesmente para questionar a que ponto chegamos em “idolatrar” e “odiar” com base em nossa opinião. Sinceramente ninguém é tão ruim ou tão bom assim para o Brasil.
Sério, vamos pensar comigo, o Brasil não é um país normal, definitivamente, para começar somos praticamente um continente, onde no canto A precisamos de educação e segurança como prioridades número 1, no B, de saúde, já na C, D etc., não temos esgoto, água encanada, comida e quem dirá dignidade de vida. Como comparar um país que em cada microrregião tem uma prioridade completamente distinta da outra?
Praticamente impossível, mas de novo meu questionamento não é político, então vamos ao que vem me frustrando nos últimos dias.
Nos últimos 20 anos, conseguimos fazer praticamente o impossível, literalmente dividir o país em 2, de um lado “ele não” do outro “não tenho político de estimação”. Conseguimos transformar um dia que é sobre independência, liberdade de escolhas em “ou você é a favor da vida ou você é contra”, como se tudo fosse preto e branco, ou se preferir, verde e amarelo.
O Brasil é tudo, menos preto e branco. Somos um país que com todos os seus defeitos, acolhe a todos, não importa sua crença, cor, gênero, raça. Somos um país novo, que ainda tem muito o que aprender e evoluir, e que bem ou mal, estamos fazendo o que podemos da maneira que sabemos.
Fico irritada quando vejo a turma do “tenho amor no coração”, ser completamente intolerante e odiar com tanta ferocidade um único individuo como se toda a culpa do universo fosse única e exclusivamente dele. – Sim, ele fala um bando de atrocidades, mas quem é ele na fila do pão? Se ele tivesse esse poder todo que diz ter, eu concordaria, mas pelo amor, ele está longe de ser deus, na realidade o poder dele é única e exclusivamente falar abobrinhas e irritar as pessoas, porque em governar o brasil, ele é um dos últimos a ter qualquer poder de decisão. – Fico confusa, porque se essa turma que é a que prega o amor, a tolerância, a liberdade de expressão, é tão fanática em odiar a tal ponto, a não querer nem interagir com quem não pensa igual a eles politicamente, o outro lado, então seria o que?
O que sobra do outro lado? A “turma do bem” que já abertamente odeia explicitamente outro individuo, também tem exatamente a mesma opinião que a “turma do amor no coração” só muda o alvo do ódio. São incapazes de conversar de ouvir e de considerar a opinião de quem pensa diferente.
No final, só provamos que somos todos mais parecidos do que gostaríamos, incapazes de aceitar qualquer coisa que não minha própria opinião, e de transformar tudo em debate como se fosse convencer o outro lado, ah claro, e se eu não te convencer, então não podemos mais conviver.
Talvez aquela ideia de separar o país não fosse tão ruim, mas ao invés de fazer por região, pudéssemos fazer por políticos. Quem gosta do “ruim de direita” e quem gosta do “ruim de esquerda”, quem sabe em 20 anos, descobriríamos que oh, são todos incapazes de fazer um país minimamente melhor.
Em todas as manifestações, sempre tem aquele 1% ou 2% que é extremista, que não quer o bem do país, mas quer ter razão acima de tudo. Em todo discurso desses palhaços de palco ouvimos besteiras ditas para causar euforia, mas gente, desde quando político cumpre palavra dita sob a luz dos holofotes? Desde que eu me entendo por gente, o que é prometido em público, é esquecido e enterrado.
Acho que se tornou tão bonito dizer que tem um lado nessa briga partidária que só esquecemos que não importa o lado que ganhe, nunca será a população. Afinal, ninguém chega até a presidência para fazer o bem dos que precisam.
Então quando vejo, pessoas que se dizem instruídas, evoluídas, empresas e figuras públicas publicando abertamente que é contra fulano, discutindo e agradecendo quando perde clientes, seguidores e fãs de seu trabalho porque não concordam com a opinião política um do outro, eu me pergunto, a que ponto chegamos?
Eu entendo idolatrarem uma pessoa, ser fã de alguém, admirar e tudo mais, também entendo em votar contra um lado ou outro, em não concordar com um outro, mas não entendo idolatrarem o ódio a alguém seja de direita ou esquerda como se a própria vida dependesse disso.