Todos os dias durante quase um ano, eu passava por você, você me dirigia um bom dia, e eu retribuía com um sorriso tímido.
Todos os dias no mesmo horário, o senhor estava ali, sentadinho na frente de prédio, cumprimentando aqueles que ali passavam para almoçar.
O senhor devia ter uns 80 ou 90 anos? Não te conheço, mas obrigada pelos dias que me dedicou seu bom dia. Não sei se o senhor mora ali naquele prédio ou não, nem mesmo porque o senhor fica sentado dizendo bom dia para pessoas que parecem nem notar.
Se sente sozinho? Não tem ninguém para conversar? Ou apenas quer se sentir útil?
Não sei, mas saiba senhor, que todos os dias durante meu almoço, eu ficava feliz em ser notada, o seu olá, simpático de quem busca companhia em um mundo de estranhos que fechando-se em si mesmos e ignorando qualquer coisa que não seu celular, me é bastante dolorido.
O senhor deixava meu dia mais feliz, pois ver alguém fazendo algo tão simples, sem esperar nada em troca. Puxar conversa com as pessoas na rua, mostrar tamanha humanidade em um ato tão básico. Se no mundo tivéssemos mais gente como o senhor, acredito que teríamos mais gente feliz e menos guerra, menos fome, menos miséria.
Faz algum tempo que não passo pelo senhor, me pergunto se está bem, ou se adoeceu? Se mudou? Realmente acho que nunca saberei quem realmente é o senhor e muito menos porque dedicava seu tempo a dirigir a palavra a estranhos. Até porque, eu mais do que outros estranhos, também não me atrevi a parar para conversar, parar para ouvir as histórias que o senhor provavelmente teria para contar, as memórias que guardou e as piadas que poderia compartilhar.
Espero que alguém tenha sido mais esperto que eu, e parado para ouvir, espero que tenha podido dividir essa simplicidade com mais pessoas, espero que onde quer que esteja, continue fazendo o dia de alguém mais especial.
Um abraço, da menina que retribuía com um sorriso.
Cada dia que passa amo mais e mais seu blog, sua escrita, você. Adorei o post 😀
Um abraço.