O sonho dela era se tornar a melhor e se destacar em um mundo, onde só eles se destacam. Ela confiava nele, e achava sinceramente que ele, dentre todos que conhecia era o que melhor entendia esse sentimento. Afinal, eles compartilhavam essa mesma paixão. Conheciam o prazer da vitoria e a raiva da derrota, bem como as lágrimas que com ela vinham. Ela vibrava quando o inimigo era mais forte e se esforçava em dobro mesmo que não alterasse em nada o resultado. Ela achava que ele sentia o mesmo, já que passaram pela mesma experiência de serem privados de algo que lhes fazia tão bem e de pelo menos uma vez acharem que nunca mais conseguiriam voltar a fazer isso. Para ele é fácil, assim que se recuperar voltará com tudo, afinal, para eles é sempre mais fácil. Ela por outro lado, tem poucas chances, poucas as mulheres que tem coragem para acompanhá-la, poucos os lugares que aceitam uma mulher, mas todos são os que aceitam um homem. Muitos preferem aceitar um menino de 10 anos, a uma mulher da mesma idade. Varias vezes ela ouviu “não” como resposta, e mesmo assim não desistiu. Ele sempre recebeu convites, nunca teve que se esforçar para ser aceito ou mesmo, ter uma chance de provar seu valor.
Antes de conhecê-lo ela tinha jurado que nunca deixaria de fazer algo para agradar alguém, mas em um único pedido dele, esqueceu de tudo que lhe era importante. Por ele, para fazê-lo feliz, ela perderia até a si mesma. Deixaria de lado seu sonho de menina, por que o ama, mas no fundo ela sabe, que nunca estará inteira se abrir mão desse desafio. Ela sabe que ele só se preocupa com ela, e que seu pedido foi só por se preocupar, por querer protegê-la. E só por amá-lo demais, ela concordou. Mas saber que desistiu de uma chance de brilhar, de mostrar que existe algo em que ela é suficientemente boa dói mais do que ela gostaria de sentir, dói mais do que se machucar fisicamente. Fez ela, pela segunda vez na vida querer odiar essa paixão, querer nunca ter experimentado a adrenalina ou visto a beleza e nunca ter sentido emoção de se fazer algo que ama mais do que pode adimitir. Ela nem ao menos se pode dar ao luxo de chorar, pois ele odiaria a si mesmo se soubesse o mal que fez para ela, por medo de vê-la se machucar, e ela se odiaria se fizesse algum mal a ele. É irônico, como o amor torna tudo mais frágil, como se fossem flores delicadas que ao primeiro vento pudessem se partir, chega a ser ridículo que ambos se machuquem para proteger aqueles que amam. Ela não pode culpá-lo por querer protegê-la, mas será que ela vai conseguir proteger a si mesma para protegê-lo? Se ele descobrir como ela realmente se sentiu, eles serão fortes para continuarem juntos ou a culpa e o amor os sufocarão até se odiarem?
Sofrer por amor
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