Esse feriado tirei os sisos restantes e com o tempo livre sem poder fazer nada a não ser tomar sorvete, dormir e vadiar no PC, dediquei meu tempo a devaneios sobre passado, presente e futuro.
Incrível, como sorvete me remete a infância, acho que depois da palavra “brincar” é a que mais me lembra aquelas dias alegres e descompromissados, em que as férias de inverno eram passadas entre fazenda e praia, independente do tempo, e em que antes ou depois do almoço, um picolé era sempre bem vindo e a última preocupação era que precisaria fazer exercício para perder aquele picolé, ironicamente, a preocupação na época era saber quando o sorveteiro passaria novamente na barraca, para que pudéssemos tomar mais sorvete!
Mesmo em época de escola, a palavra tédio não existia, mesmo que não tivesse um único brinquedo ou um único amigo por perto, qualquer coisa se tornava interessante. Seja a borboleta que pousou na mesa ao lado, contar os carros da marca XX que encontrávamos, ou mesmo socar a pessoa do lado quando um fusca Azul passava.
E mesmo trancafiados em casa em dias de chuva, tudo era possível, tudo que podíamos imaginar se tornava real. Com amigos ou sem amigos por perto, podíamos ser tudo o que quiséssemos e quando quiséssemos, nada impedia as histórias mirabolantes com toques de magia e com direito a 500 trocas de roupas durante a brincadeira.
Já fui heroína, mágica, guerreira, menino, menina, jogadora de futebol, garota popular, menina nerd, super inteligente, sereia, professora, órfã, menina-perdida, rainha, monstro, extraterrestre, fada, feiticeira, fazendeira, índia, descobridora, aventureira e até princesa sonhando com um príncipe encantado enquanto salvava o mundo da destruição. Isso sem contar os inúmeros personagens que já interpretei, desde chiquititas, Sailor Moon até os guerreiros de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodiaco, qualquer desenho na TV era inspiração e qualquer tempo livre uma oportunidade para imaginar.
Hoje vejo meus primos pequenos, dominando todas as funções de um celular em 15 minutos, vencendo jogos no computador e reclamando que não tem o ultimo-super-video-game que está no mercado, e que os gráficos dos deles estão ultrapassados.E em pensar que que era o máximo jogar o Super Nintendo ou mega Drive, e que para a fita que não queria pegar, era só dar um “tapão” para ela encaixar ou assoprar até funcionar! Meus primos, mal sabem fazer novos amigos, enquanto eu, em qualquer lugar que estivesse era capaz de em 15 minutos conhecer até 10 crianças para brincar… quem dirá imaginar mundos inteiros para passar meia-hora do seu dia.
Me pergunto, o que as crianças de hoje, irão lembrar de suas infâncias e o que a dependência da tecnologia vai influenciar sua formação, o que será que poderão criar, se não conseguem se deixar levar e imaginar.
Só espero que mesmo em meio a tanta tecnologia o dia que tiver filhos, possa dar a eles, mais tempo para que possam imaginar, criar e assim, guardar memórias mágicas e maravilhosas.